segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Palavras apenas...


Hoje eu acordei com uma vontade de ser lida...sim, decifrada, com todos os meus códigos (que não são html) postos por terra.

Sim, escancarada, jogo limpo, cartas na mesa...Ser lida, lida no meu íntimo e com tudo declarado, sem sorrios amarelos, sem piadas para disfarçar, ser lida, compreendida...

Ser lida dos pés a cabeça, como se eu fosse um amontoado de palavras prontas pra desmoronar, ser lida pra que entendam que é tudo por amor, amor também por mim mesma.

Por que eu até posso ser malvadazinha, mas eu não sei me maltratar...

Acordei com esta vontade de ser lida, compreendida nas entrelinhas, nos "não's" que dou pra vida...Sim, leia-me, por favor, leia-me antes de tudo.


Leia-me que sou tão fácil, leia-me que sou tão humana...
Não se assuste com as páginas úmidas, lágrimas e pingos de chuva, não precisa se preocupar...As palavras só estão manchadas, mas não há como apagá-las...São como marcas de ferro quente...Não dá pra esconder, não dá pra disfarçar...

Por fim, leia-me, que eu me sinto escrita.


**P.S.: Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta. A que diz palavras. Palavras ao vento?, que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento. O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou. E me transmuto.
Oh, cachorro, cadê tua alma?, está à beira de teu corpo? Eu estou à beira de meu corpo. E feneço lentamente.
Que estou eu a dizer? Estou dizendo amor. E à beira do amor estamos nós.

**Clarice Lispector, É para lá que eu vou » in Onde Estiveste de Noite (1974)

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